quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Caldas, rainha dos teatros...

Foi recentemente aprovada a construção de um novo teatro na cidade das Caldas da Rainha e cujo objectivo é servir de base ao grupo Teatro da Rainha.
Uma obra orçada em € 1,5 Milhões e que é, antecipadamente, descrito como algo que não tem igual no país.
Antes das dúvidas a apresentar abaixo importa reconhecer a importância do grupo Teatro da Rainha bem como o facto de até merecem um espaço próprio, mas... há que conseguir pagar, não só a obra mas também os seus custo de manutenção posteriores à construção.

Certamente que a Câmara terá o cuidado de recorrer a fundos comunitários para minimizar o seu investimento e o teatro poderá ser uma realidade a médio prazo.
O que importa questionar neste momento é se este investimento faz sentido porque, se o custo da construção pode vir a não ser demasiado dispendioso, já sobre os referidos custos de manutenção não se pode dizer o mesmo. E quem é que os vai pagar?
Temos o exemplo do CCC, obra também com um relevo que ultrapassa os limites do concelho mas que, depois, não tem verbas que lhe permitam um funcionamento condigno pois o subsídio que a Câmara lhe atribui para pouco mais chega que para pagamento de vencimentos, fazendo com que a organização de espectáculos, que devia ser a primeira prioridade, vai funcionando a serviços mínimos por falta de verbas.

Outro exemplo, a pista de atletismo que se pensou fazer sentido e de onde até saíram alguns atletas de relevo a nível nacional mas que, por ter custos elevados, está altamente degradada. Agora com promessas de reabilitação.

Apenas mais um, as piscinas municipais, que com toda a sua importância, se deixaram degradar, para não falar de outras de uma freguesia mais afastada, que até fecharam...

Num concelho que nunca conseguiu atrair a maioria dos seus munícipes à sua maior casa de espectáculos, umas das melhores do país, vais-se construir outra casa com o mesmo fim, esperando com isso, captar quem?

Não poderia o grupo Teatro da Rainha fazer do CCC a sua casa? Não haverá ali condições para isso? O que os impede de ensaiar num palco que está vazio na maior parte do tempo? E se estiver ocupado, não há alternativas dentro do próprio espaço?
Porque não fazer uma ocupação de espaço partilhada com se faz no desporto e nos pavilhões municipais?

Espero que não venhamos a ser testemunhas disso mas é minha convicção que, daqui por algum tempo, veremos alguns "braços de ferro" entre a companhia de teatro e a Câmara por causa de mais uma infraestrutura que, dignificando a cidade, poderá vir a tornar-se num peso excessivo e com necessidade de para ali canalizar fundos que tanta falta fazem noutras áreas.

Todas as pessoas gostariam de ter um carro de luxo, mas não basta pensar se temos dinheiro para o comprar, temos que pensar se, cada vez que vai à oficina, meter pneus, pagar o imposto de circulação, o seguro e meter gasolina, temos dinheiro para pagar...



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