O Referendo na Catalunha é ilegal aos olhos da Lei espanhola.
A Catalunha quer desagregar-se de Espanha mas não pode porque a Lei não lhe permite o direito ao referendo.
A Catalunha força um referendo que é ilegal mas que lhe permite reforçar a vontade dos seus cidadãos de serem independentes.
O Governo espanhol usa a força para impedir o que é inevitável, para impedir que as pessoas reforcem e forcem o seu direito à autodeterminação de uma região.
Não sei se algum de nós poderá expressar uma opinião completamente clara e objectiva quanto a esta situação mas é certo que, ver as imagens de hoje, junto aos locais de voto, deixa-nos a ideia que os catalães são um povo com uma identidade própria e que estão altamente convictos que querem fazer o seu caminho separados de Espanha.
Jovens, menos jovens, gente de todas as idades com lágrimas nos olhos a conseguirem, por fim, expressar a sua vontade, o seu desejo.
Depois, um clube de dimensão mundial, como é o Barcelona, também a usar o seu poder para dar opinião e tomar posição, ora dizendo que são a favor da independência, depois pedindo o cancelamento do jogo para estarem solidários com as pessoas que tentam votar e, impedidos pela La Liga, a fazerem um jogo à porta fechada.
Mas há que pensar em todos os Catalães que são contra a independência e que, perante tanta turbulência, certamente que hoje se terão resguardado em casa e se tenham mantido à distância dos episódios de alteração da ordem pública.
É óbvio que, por um conjunto alargado de razões, este referendo que hoje vai acontecendo a espaços, não poderá ser tomado em conta. Logo à partida por ser ilegal mas também porque não esteve assegurada a possibilidade de igualdade para todos os que gostariam de dar a sua opinião, sob a forma de voto.
E depois há a posição do Governo Espanhol. O que deveriam realmente ter feito numa situação destas? Estará correcta a repressão policial com o deslocamento de milhares de agentes da Guardia Civil? Justificar-se-à a violência? Justificar-se-ão as detenções de dezenas de pessoas?
Mas então qual seria a solução ideal que permitisse contentar todos?
Pois é sempre complicado quando há regiões que reclamam a sua vontade de se tornarem independentes do Estado em que se integram. Uns querem sair, os outros não querem perdê-los, pelo muito que valem e isso acaba, primeiro, num confronto de ideias, depois num confronto político e culmina inevitavelmente com violência.
Neste momento, o governo espanhol sabe que se ceder nesta vontade e permitir que a Catalunha saia do seu controlo, de seguida terá que lidar com a mesma vontade por parte dos Bascos, que têm estado adormecidos mas que tendem a despertar e, quiçá, a Galiza ou qualquer outra das regiões espanholas, desagregando-se assim uma nação com centenas de anos.
Por tudo isto, a única coisa que se pede a uma nação democrática, a uma nação com gente racional é que o diálogo resolva este imbróglio. Mas para isso é necessário que os políticos não se deixem radicalizar e não incitem a população à revolta, coisa que se sente claramente por estes dias.
Uma coisa fica clara, a partir de hoje nada será como antes. Hoje é o primeiro dia do resto da vida da Catalunha e de Espanha, tal como a conhecemos. Urge que os governantes sejam inteligentes e iniciem o diálogo já amanhã pois, caso contrário, se hoje já há mais de 500 feridos, amanhã poderá haver mortos.
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