quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

João Adelino bom vs João Adelino mau

 João Adelino Faria (JAF) foi quem teve a incumbência de entrevistar o político "do momento", André Ventura (AV).

Neste altura tal tarefa é quase hercúlea porque quem o fizer vai sempre ser criticado, ora porque tenha sido muito incisivo, ora porque tenha sido mais permissivo.

É óbvio que a avaliação depende de quem ouve e, por isso é que a internet ontem, logo após a entrevista, se inundou de prós e contras, sendo que em ambas as circunstâncias, estas opiniões se inverteriam se o entrevistado fosse de outro quadrante político.

Esta entrevista, a meu ver, foi das melhores que foram feitas a AV porque JAF não lhe permitiu as suas já conhecidas deambulações pelos temas, de forma a levar a conversa para aquilo que sabe que os seus eleitores gostam e querem ouvir. Também porque neste momento importa que haja respostas diretas e que não se deixem apenas nebulosas, que mais tarde permitam aquilo que ontem AV já tentou fazer em relação às suas declarações sobre demitir-se se Ana Gomes ficar à sua frente nestas presidenciais. Quando de início foi perentório na afirmação, ontem já se limitou apenas a dizer que assumirá consequências políticas, o que é bem diferente. A isto não será estranho o facto das sondagens não lhe estarem a ser favoráveis.

Entrevistar nem sempre é uma tarefa fácil e quando o entrevistado sabe gerir o curso da conversa, mais difícil se torna, pelo que a forma de conseguir respostas diretas só mesmo com perguntas muito concretas e insistindo para que não haja manobras de diversão.  

Talvez, muitos dos que ontem não concordaram com a forma de JAF, ainda hoje sejam fãs e apoiantes do estilo de Manuela Moura Guedes nas suas entrevistas a José Sócrates, sendo que essas eram bem mais incisivas, induzindo respostas e, até mesmo chegando quase a acusações que não competem a um jornalista. Logicamente que o apoio surge por cores políticas e não são decorrentes de uma análise da conduta profissional que, pessoalmente repudio.

O que ontem vi JAF fazer foi muito mais correto em termos profissionais. Confrontou o entrevistado com declarações suas e dos seus partidários, pediu opiniões objetivas sobre esses temas e não permitiu distrações. Outros assuntos poderiam ter sido abordados mas também importa não confundir o programa político do Chega com uma candidatura presidencial, que embora se misturem e confundam por razões de conveniência, não são a mesma coisa. 

É natural que não tenha agradado aos partidários de AV, mas é altura de haver quem consiga ter capacidade de confrontar o candidato com muita coisa que vai dizendo por conveniência. Se os seus apoiantes acham isso normal, talvez outro cidadão não entenda da mesma maneira...




domingo, 13 de dezembro de 2020

2,56 gramas de discernimento...

Fiz uma única vez o teste de alcoolemia na estrada. Acusei 0,35 gramas de álcool no sangue e não fiquei nada confortável com a situação. Fez de mim um condutor mais cuidadoso e menos bebedor antes de conduzir.
Hoje ouvi uma história de um cidadão que, depois de acusar 2,56 gramas, diz ter sido agredido pelos agentes da esquadra de Vila do Conde.
Ponto prévio, qualquer violência injustificada por parte das autoridades é condenável.
Como condenável é qualquer resistência às autoridades!...
Quando há respeito mútuo raramente há notícias de agressões ou maus tratos. Curiosamente, quando de um dos lados há injúrias ou resistência, algo acontece.
Não vou fazer qualquer juízo de valor, apenas dizer que me faz confusão a clarividência de uma pessoa que está perdida de bêbada...
Quem já esteve em estado de etilite aguda sabe perfeitamente que, no regresso à normalidade, muitas memórias desaparecem, outras misturam-se e outras parecem alucinações.
Que moral tem um cidadão (e aqui pouco importa se é português ou imigrante), para fazer declarações sobre memórias claras de ofensas e intimidações? Pode ser levado a sério? Que tipo de resistência terá feito à sua detenção? Que comportamento terá tido para com os agentes que o detiveram?
Na verdade, mostra sinais de agressões, mas o que terá estado por trás disso?
Será que a autoridade não teve que exercer o seu poder para "acalmar" um cidadão que não estava no pleno controlo das suas faculdades psíquicas?
As dúvidas ficam perante a certeza de que uma das partes terá memórias quase miraculosas...



sábado, 12 de dezembro de 2020

Meritocracia vs Bandalheira

 Um grave problema com o SEF está a pôr em causa toda a instituição, bem à boa maneira portuguesa. Ou estamos no 80 ou passamos logo para o 8...

O SEF é construído por centenas de elementos e, estou certo, a maioria serão pessoas de bem, empenhadas no seu trabalho e que fazem tudo o que está ao seu alcance para defender a farda e que envergam e a bandeira que defendem. E muitos são mesmo revoltados com este tipo de situações que agora tanto se fala de abuso de autoridade e violência como aconteceu com o cidadão ucraniano no aeroporto de Lisboa.

Os crimes têm que ser julgados, os exageros têm que ser punidos, os diretores ou chefes coniventes têm que ser responsabilizados até às últimas consequências, porque os outros precisam de continuar a fazer o seu bom trabalho de forma tranquila e com a confiança dos seus concidadãos a quem eles têm o dever de proteger. 

Se a justiça funcionasse em Portugal muitas destas situações de extrapolação de funções não aconteceriam. Agora resta esperar que o exemplo seja o fator de correção, porque a mudança pode não trazer nada de novo.

Mas é bom pensar que, na maior parte dois casos de irregularidades com que nos deparamos no nosso país, uma das razões é porque os diretores (nomeados), não estão à altura dos cargos que desempenham, apenas ali estão como prémio por algum "trabalhinho" ou carreirismo político. Quando a meritocracia funcionar e estiver a pessoa certa no cargo certo, muitos dos problemas desaparecem com naturalidade. E não estou aqui a descobrir a pólvora nem a roda!