João Adelino Faria (JAF) foi quem teve a incumbência de entrevistar o político "do momento", André Ventura (AV).
Neste altura tal tarefa é quase hercúlea porque quem o fizer vai sempre ser criticado, ora porque tenha sido muito incisivo, ora porque tenha sido mais permissivo.
É óbvio que a avaliação depende de quem ouve e, por isso é que a internet ontem, logo após a entrevista, se inundou de prós e contras, sendo que em ambas as circunstâncias, estas opiniões se inverteriam se o entrevistado fosse de outro quadrante político.
Esta entrevista, a meu ver, foi das melhores que foram feitas a AV porque JAF não lhe permitiu as suas já conhecidas deambulações pelos temas, de forma a levar a conversa para aquilo que sabe que os seus eleitores gostam e querem ouvir. Também porque neste momento importa que haja respostas diretas e que não se deixem apenas nebulosas, que mais tarde permitam aquilo que ontem AV já tentou fazer em relação às suas declarações sobre demitir-se se Ana Gomes ficar à sua frente nestas presidenciais. Quando de início foi perentório na afirmação, ontem já se limitou apenas a dizer que assumirá consequências políticas, o que é bem diferente. A isto não será estranho o facto das sondagens não lhe estarem a ser favoráveis.
Entrevistar nem sempre é uma tarefa fácil e quando o entrevistado sabe gerir o curso da conversa, mais difícil se torna, pelo que a forma de conseguir respostas diretas só mesmo com perguntas muito concretas e insistindo para que não haja manobras de diversão.
Talvez, muitos dos que ontem não concordaram com a forma de JAF, ainda hoje sejam fãs e apoiantes do estilo de Manuela Moura Guedes nas suas entrevistas a José Sócrates, sendo que essas eram bem mais incisivas, induzindo respostas e, até mesmo chegando quase a acusações que não competem a um jornalista. Logicamente que o apoio surge por cores políticas e não são decorrentes de uma análise da conduta profissional que, pessoalmente repudio.
O que ontem vi JAF fazer foi muito mais correto em termos profissionais. Confrontou o entrevistado com declarações suas e dos seus partidários, pediu opiniões objetivas sobre esses temas e não permitiu distrações. Outros assuntos poderiam ter sido abordados mas também importa não confundir o programa político do Chega com uma candidatura presidencial, que embora se misturem e confundam por razões de conveniência, não são a mesma coisa.
É natural que não tenha agradado aos partidários de AV, mas é altura de haver quem consiga ter capacidade de confrontar o candidato com muita coisa que vai dizendo por conveniência. Se os seus apoiantes acham isso normal, talvez outro cidadão não entenda da mesma maneira...
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