segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Chicotada

A “chicotada psicológica” é o termo pelo qual é habitualmente designada a substituição de um treinador numa equipa de futebol.
Quando se chega a uma situação em que as rotinas são negativas, uma das soluções para tentar alterar o cenário, no imediato, é proceder à mudança de liderança. Nem sempre o substituto é melhor que o substituído, nem sempre os seus métodos são os mais capazes, nem sempre o seu estilo é o que melhor se adapta, mas, muda-se.
E os dirigentes quando o fazem tentam sempre que seja para melhor.
Os jogadores por sua vez, apesar de se manterem os mesmos, transfiguram-se, quanto mais não seja para agradarem ao novo treinador.
Mas este faz sempre adaptações e tem a oportunidade de, falando com cada um per si, tentar entender o porquê de um menor rendimento, podendo proceder a algumas adaptações.
Com tudo isto quebram-se as tais rotinas. Não só de jogos mas também de treino, pois o atleta quando vai para o campo à segunda, à terça ou a qualquer outro dia da semana já sabe que tipo de treino vai fazer e se não lhe agrada já vai contrariado.
Temos estes exemplos, de forma clara, no União de Rio Maior esta época.
Era uma equipa tristonha, a entrar nas rotinas derrotistas e que já partia para os jogos com a sensação que teria muitas dificuldades.
Entrou um novo treinador e transfigurou-se. Joga de forma alegre, com um jogo fluente e acutilante e começou a ganhar. Nada melhor para moralizar quem joga do que as vitórias, a confiança de que, afinal, não se é pior que os outros.
O novo treinador trás também muita coisa a seu favor. É uma figura conhecida do futebol nacional, com passagem por grandes clubes e pela selecção e que lidou com treinadores ao mais alto nível. Tem muito por onde beber exemplos até decidir aquele que mais lhe agrada e do qual pode tirar mais benefícios. O resto é o dia a dia que trás. É a escola do trabalho e da vida.
Mas não vai ganhar sempre! Porque não é o melhor do mundo e nem mesmo esse ganha sempre. Porque não tem a melhor equipa do mundo e nem mesmo essa ganha sempre. Porque não tem as melhores condições do mundo e mesmo quem as tem, não tira 100% partido disso.
Serve isto para dizer que as pessoas têm que saber apoiar nos bons e nos maus momentos, desde que se veja e se perceba que se está verdadeiramente empenhado em levar o nosso clube à vitória.
Esta semana saiu muito aplaudido e isso foi bonito. Mas será que já fez trabalho para tantos aplausos?
O treinador que estava do outro lado, aqui e acolá foi vaiado. Será que quando cá esteve não se esforçou também para conseguir ganhar todas as semanas?
Serve também isto para dizer que o futebol, muitas vezes, é ingrato. Ninguém quer perder. Mas se não se ganha, é-se acusado de coisas que, por vezes, não são merecidas.
Muita sorte ao Paulo Torres e que os aplausos desta semana se mantenham vivos e presentes por estas semanas fora.
Que as pessoas consigam perceber que, tem dias, que não se ganhou porque o adversário foi melhor.

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