A treta do “fair play” começa na hipocrisia de todos os jogadores que só se respeitam se isso lhe trouxer vantagens.
Não restarão muitas dúvidas que, mais de 90% dos casos de assistências a jogadores em campo são injustificadas. Uns para queimar tempo, outros para tentar tirar vantagem de cartões ao adversário ou mesmo só para dar nas vistas.
Porque razão, um jogador que se lesiona numa mão, cai inanimado no terreno de jogo, muitas vezes junto à linha, não saindo pelo seu pé e forçando o adversário a colocar a bola fora?
É neste tipo de situações que deveria começar a trabalhar-se. E deveria ser a FIFA a tomar a iniciativa, com acções junto dos dirigentes, treinadores e dos próprios jogadores. Mas isto já deveria ter começado, pois por cada dia que passa é tempo perdido.
E depois de se começar, então há possibilidades de agir. De punir quem força paragens deliberadas.
Claro que, agindo, se podem cometer injustiças, mas isso faz parte da acção, até porque a atitude de obrigar um jogador assistido a sair do terreno de jogo, é, só por si, uma injustiça, pois se ele foi vítima de uma acção faltosa e dela saiu magoado, porque razão deverá deixar de participar numa jogada? Esta situação pode levar ao cúmulo, que não é impossível de acontecer de um jogador ser carregado na área, com falta dura, ser penálti. Ele ao ser assistido tem que sair. Não pode, consequentemente, ser ele a marcar. Se está na luta pelos melhores marcadores, é altamente prejudicado.
Esta semana o F.C. do Porto, por um dos seus jogadores e pelo seu presidente, vieram assumir a posição que não irão tomar a iniciativa de por bolas fora por lesão de um adversário. Situação imediatamente corroborada por Jorge Jesus, o primeiro a assumir essa situação.
Esta posição que, à partida, pode parecer estranha, é a mais correcta e se todos o fizerem, obriga-se os organismos do futebol a regulamentarem que é coisa a que parecem ser avessos.
Obviamente, ninguém fica indiferente a um colega com uma necessidade grave visível. Tem é que se evitar o jogo menos leal e incorrecto.
O treinador belenense chega mais longe, em entrevista à Antena 1, onde diz que, mesmo as substituições não deveriam necessitar que o jogo parasse para se efectuarem. Afinal para que serve o 4º árbitro?
Quem aqui acompanha as minhas opiniões sabe que eu não ficaria por aqui, pois não me escandaliza que haja assistência pelos massagistas com o jogo a decorrer desde que as lesões fossem fora das áreas. Haveria assim, ainda menos paragens para queimar tempo.
Uma vez mais insisto nestes assuntos porque não consigo entender, a razão pela qual o futebol não se moderniza e se deixa morrer lentamente, quando tem tudo ao seu alcance. Claro que isto nos obriga a pensar que é para que continue a haver quem controle. Que continue a haver quem exerça influências, no sentido de tirar proveito das mais diversas situações dúbias do jogo.
Quando será que o Sr. Blatter se mexe? Ou deixa que alguém se mexa e afaste de nós a sensação que é ele que quer continuar a ter as rédeas para poder controlar?
O “Fair Play” tem que começar na honestidade de quem comanda. Têm que ser esses os primeiros a dar o exemplo.
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