segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O FUTEBOL QUE NÃO MUDA

Basta apenas estar com um pouco de atenção para perceber que no futebol algumas coisas estão a mudar e outras… não!
Então o que é que é assim tão visível à mudança?
Sporting e Benfica perdem influência, capacidade e, embora não deixem de ser dois grandes clubes, com estatuto nacional e internacional, estão descaracterizados e desportivamente a definhar face ao que lhes é exigido.
O Boavista que vinha sendo um crónico intrometido entre os grandes, caiu de forma drástica e luta num mar de tubarões por conseguir salvar-se sem levar mais dentadas.
Parece que estas são as mudanças mais visíveis. Então e o que é que não muda?
Pois não muda o Porto que continua a ganhar e a gerir os campeonatos a seu bel-prazer.
Mas o que não muda mesmo é tudo o que se passa em torno do futebol.
São as entrevistas encomendadas de Pinto da Costa. Hoje numa estação, amanhã noutra porque baniu a anterior, no dia seguinte volta à primeira que, sem qualquer pudor se esquece das vezes que foi proibida de entrar no estádio das Antas ou do Dragão, das vezes que os seus profissionais aí foram enxovalhados ou agredidos. As perguntas destas entrevistas são sempre as mesmas, sempre cheiram a encomendadas e sempre parece haver temas tabu.
Não muda a forma de falar de Valentim Loureiro, seja nas televisões, seja à saída dos tribunais ou mesmo, ao que parece, dentro deles, continuando impune.
Não muda a cobardia que existe no futebol onde jornalistas são agredidos por darem a sua opinião. Longe vão os tempos em que o eram dentro dos estádios em frente às câmaras de televisão e nada acontecia, mas perto estão os tempos em que são agredidos em parques de estacionamento, de forma, repito, cobarde, por encapuçados que não gostaram das palavras dessa noite.
Não muda o domínio do futebol sobre a justiça, com nomeações para altos cargos policiais de pessoas que já estiveram envolvidas em processos, no mínimo dúbios, em que intervinham equipas da região para onde agora são nomeados e onde passarão a ser quem comanda e quem tem o poder de mandar investigar, ou não!
Não muda a forma humilhante com que alguns vivem no futebol, que à saída dos tribunais aceitam como normal a forma como foram achincalhados telefonicamente, quando lhes foi dito que ou entravam na jogada ou eram corridos, pois a forma da outra pessoa se lhes dirigir é mesmo assim e os outros é que não o percebem. E mais! Como essa conversa telefónica terminou com um carinhoso Feliz Natal, tudo o resto foi esquecido pois quem acaba com semelhante saudação não pode desejar mal a ninguém…
Pois é, eu sei, andamos todos fartos disto até aos olhos e à ponta dos cabelos, mas, meus caros, a coisa anda pior que nunca. Repito o que aqui já disse algumas vezes. Agora, à descarada, continua a haver tanta ou mais corrupção no futebol do que havia antes.

Termino com uma acusação clara. Os jornais desportivos (não os jornalistas, porque estes precisam de viver), têm uma quota-parte de responsabilidade muito grande neste mundo negro do futebol. Até hoje não se viu uma investigação destes periódicos sobre o que se passa à volta do futebol. Quem não fala não erra. Quem não escreve não se mete em problemas. Quem não se expõe sobrevive por lá mais tempo.
Os seus leitores mereciam mais respeito.

Sem comentários: