sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Prever o futuro sem ser vidente

Não preciso de ser vidente para saber que as próximas eleições presidenciais vão ser as menos concorridas dos anos em que vivemos em democracia participativa em Portugal.

Deixar que ser façam eleições num período de Estado de Emergência, acrescido de confinamento e de grandes restrições de acesso aos locais de voto, é um convite perfeito a que as pessoas desistam e deixem de votar.

Quem pode sair beneficiado desta situação? Obviamente aqueles candidatos que têm apoiantes devotos. Desde logo André Ventura face a todo o entusiasmos daqueles que o seguem religiosamente e que não deverão desistir de exercer o seu direito, mas também aqueles que, por uma vida de luta contra regimes e sistemas também, habitualmente não faltam. Falo aqui dos militantes comunistas que deverão garantir o número esperado de votos no seu candidato.

Todos os restantes são os potenciais abstencionistas. E isto poderá ainda piorar se o tempo não ajudar. Se chover, como se prevê, será ainda pior.

É por tudo isto que me atrevo a pensar, neste dia que antecede o dia de reflexão, que Marcelo Rebelo de Sousa deverá ser eleito, mas a grande abstenção ensombrará esta eleição e, depois, acredito que André Ventura assegure o segundo lugar, contrariando as últimas sondagens, posição que tanto ambiciona para não ter que arranjar uma desculpa para não se demitir e, em terceiro então, Ana Gomes. Os restantes serão irrelevantes para as contas, a menos que Tiago Mayan venha a ser a surpresa e deixe um piscar de olhos a uma boa votação nas legislativas.

Uma pena, portanto, que não tenha havido um adiamento. Fazer estas eleições neste dia 24 ou adiá-las três meses, seria igual. Temos um Presidente em exercício que assegura o normal funcionamento do Estado. Não há uma disputa entre órgãos de soberania que pudesse fazer deste adiamento um problema político. A Constituição pode ser um entrave, mas esta tem que ser o garante da democracia e, um adiamento não poria em risco a democracia e, um entendimento parlamentar era suficiente para que ficasse justificado.

Mas, como nada disto aconteceu e domingo é dia de exercer o nosso dever cívico, que é, simultaneamente, um direito inalienável, compete-nos ir às urnas e escolher de forma consciente, quem é o melhor candidato para ser o Presidente de Portugal por mais cinco anos.

Que ninguém fique em casa, que vão com os devidos cuidados e que pensem no benefício que é podermos escolher.




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