O Sr. Joseph Blatter, pela segunda vez no espaço de pouco tempo veio a público abordar um tema que está muito em voga no futebol mundial em geral e no português em particular que é a possibilidade de utilização de jogadores estrangeiros nas selecções de cada país, tendo o presidente da FIFA particularizado o problema aos brasileiros que aparecem um pouco por todo o lado.
Não há dúvida que já nos vamos habituando a ouvir nomes pronunciados em língua portuguesa um pouco por todo o mundo. Desde os nossos vizinhos espanhóis, com Donato, Catanha e mais recentemente com Marcos Senna, até às mais estranhas paragens do mundo, como é por exemplo o Kazaquistão, o Japão ou a Guiné-Equatorial, podem-se encontrar brasileiros a actuar.
Por terras de Vera Cruz há actualmente mais de 60 milhões de atletas a praticar futebol, o que corresponde a quase um terço da população total do país e como as vagas da sua própria equipa apenas contemplam os 11 iniciais e mais os 7 suplentes, não é fácil a vida de quem quer chegar longe.
O Brasil é também um país onde há uma grande maioria de habitantes que têm baixo rendimento e no futebol confirma-se a regra. Lá como cá, são poucos os que ganham muito e muitos os que ganham pouco, daí que sempre que podem saem em busca de melhores condições de vida, à semelhança dos portugueses.
A emigração é um fenómeno que acontece há séculos, sendo a principal razão das miscigenações raciais e culturais que existem no planeta, tendo sido os nossos antepassados grandes culpados desta situação com as descobertas de novos mundos e as respectivos povoamentos de regiões acabadas de descobrir, com o intuito da evangelização dos leigos e de manter uma ocupação de territórios como marca de passagem. Com o desenrolar dos anos de vivência nesses destinos os colonos foram-se tornando, eles próprios, cidadãos dessas paragens.
Neste momento, acontece o inverso. São os brasileiros que saem do seu país em busca de melhores condições de vida. E vão ficando, vão-se aculturando, vão-se enraizando, ganhando amigos, constituindo família, muitas vezes com cruzamentos com os nossos nativos.
Nada mais natural que, quando a legislação local lhes permite, peçam a sua legalização, seja em termos de autorização de residência ou mesmo de dupla nacionalidade. Ora era aqui que queria chegar. Ao ser-lhes concedida a nacionalidade portuguesa, que é aquela que nos diz respeito, passam a ser cidadãos nacionais de pleno direito, com todos os direitos e deveres que a Constituição da República lhe concede. Ao conquistarem direitos por via legal, de que forma poderá a FIFA querer sobrepor-se à legislação de um país, inibindo a participação de um cidadão português numa selecção deste país?
Por muito poder e influência nós saibamos que os senhores do futebol detêm, não é crível que os governantes se deixem levar por uma situação de tal forma absurda.
Ainda assim, estas declarações servem para que reflictamos sobre a prepotência que paira para os lados de Genève onde se fala de assuntos de extrema gravidade e seriedade com um ar de quem tem o poder nas mãos para os resolver.
O futebol é uma máquina de grandes dimensões e mexe com muitos milhões mas não domina, nem pode dominar o mundo. Há limites!
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