Retomo esta semana o tema, claques desportivas, numa semana em que o futebol voltou a matar em Itália.
País de tradição de claques violentas e extremistas, no passado domingo estas voltaram a fazer jus à sua fama com confrontos violentos entre grupos rivais e a polícia que, inclusivamente levaram ao adiamento de jogos da Serie A.
Se há uns meses um agente foi morto pelos adeptos, desta vez, qual vingança, foi um adepto que pereceu com um tiro disparado por um carabinieri.
E depois disto acontece até o impensável, que é os tiffozzi assaltarem esquadras policiais.
Não se pode dissociar destes acontecimentos a cobertura que é dada pelos grupos políticos organizados e que também já aqui aflorámos. As extremas, direitas ou esquerdas e as máfias. E depois os “miúdos” recrutados pelo seu gosto por um clube desportivo e que, de forma inocente, ou talvez não, se vêm como interpretes de um teatro complexo e violento sem que saibam como sair dele.
As imagens que nos chegaram de Itália assemelham-se a outras que vemos algumas vezes, de países em guerra civil, fazendo lembrar as lutas entre católicos e protestantes no Ulster.
É triste que o futebol se deixe arrastar para semelhante grau de violência.
Por cá, surgiu uma tentativa de controlo deste tipo de grupos, através da legalização das claques.
Estranhamente tem havido muita resistência a que isso aconteça, por parte dos próprios.
No Sporting a Juve Leo ainda não se decidiu e no Benfica as duas claques estão renitentes ao enquadramento legal, confrontando mesmo a direcção do clube para que faça tábua rasa da lei e os considere enquanto seres superiores e acima do resto da população que vive num estado de direito.
Correctamente, os directores, independentemente das ameaças sofridas, não aceitam ceder, forçando-os à regularização da sua situação.
O que é difícil de entender aqui é a razão que leva os adeptos a não se quererem legalizar. Porque motivo se querem manter clandestinos? Com que justificação é que afrontam direcções para que fechem os olhos? Será que estes adeptos não entendem que os clubes têm que ser entidades cumpridoras? Será que é para poderem fazer desacatos e não serem responsabilizados como acontecia antes? Para poderem cometer crimes a coberto do grupo sem que haja responsabilização pessoal?
Este conjunto de perguntas que hoje aqui fica sem resposta faz com que continue a pairar uma aura de cinzenta sobre as claques desportivas quando, seria do interesse de todos e, sobretudo deles próprios, assumirem um papel de integração e de credibilização.
Em contraponto com isto surge a claque Directivo XXI do Sporting, que está devidamente legalizada e que, aquando da deslocação a Roma com a equipa para o jogo da Champions, conseguiu ser recebida pelo Papa e ter o seu estandarte abençoado. Esperemos que se mantenham dignos do estatuto ordeiro com que estão conotados, que todos os outros lhe sigam as pisadas e que Bento XVI não venha a ficar associado a uma irresponsabilidade.
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