A situação económica de um país vê-se por um conjunto de factores, todos eles importantes para a análise. Um deles é a sua capacidade de manter a população sem que tenha necessidade de emigrar.
O povo português, como é reconhecido através da história, é muito aventureiro e gosta de partir à descoberta de novos mundos e novas culturas, o que, associado às dificuldades financeiras que o país atravessa, é a combinação ideal para se emigrar.
Há períodos na história em que o fenómeno se deu com mais intensidade e por zonas. Ora para as quase vizinhas França e Alemanha, ora para as longínquas Venezuela, Brasil e Austrália. Tudo países onde as colónias de emigrantes são muito vastas.
Nada disto é uma novidade para nós, apesar de ser um fenómeno que esteve estagnado há alguns anos, em que passámos, inclusivamente, a ser receptores, sobretudo de cidadãos de leste.
Recentemente voltou-se a procurar outros destinos para ganhar a vida, sendo Espanha um local apetecível, pela língua e proximidade, mas também os países de língua oficial portuguesa, sobretudo Angola um “el dorado” em franco desenvolvimento.
Mas aquilo que hoje me faz falar deste assunto é a avassaladora debandada de jogadores de futebol para o Chipre. Um pequeno país a sul da Turquia, no Mar Mediterrâneo, geograficamente localizado na Ásia, mas naturalmente integrado na Europa, estando na União Europeia e sendo um dos países aderentes do Euro.
Neste momento serão perto de duas dezenas os jogadores portugueses a actuar nos clubes cipriotas. Apoel, Anartosis, Omonia ou mesmo o desconhecido Alki de Larnaca contam com jogadores lusos nas suas formações.
Um campeonato menor mas que, com outra organização e capacidades financeiras bem melhores que as de cá, atrai jogadores, na sua maior parte em final de carreira.
A razão é sempre a mesma que leva qualquer cidadão a emigrar. Ganhar mais dinheiro!
E no Chipre pouco mais poderá atrair jogadores como Chainho ou Ricardo Sousa que os Euros que dali poderão trazer e que, dificilmente, já poderiam ganhar por cá. Não só porque o seu valor baixa mas também pelas dificuldades que atravessam os clubes em Portugal, estando muitos, de novo, com vencimentos em atraso e sem perspectivas de regularização.
Para uma Liga de fraca expressão, estes jogadores ainda são uma mais valia face à sua experiência acumulada por passagens em emblemas de maior dimensão, em Portugal e noutros países.
Atrás destes e sempre pelas reconhecidas capacidades de trabalho dos cidadãos lusos, vêm os mais jovens, com valor que por cá não lhes é reconhecido e que por lá sobressaem dos locais.
No final, todos ganham. Os jogadores pelas razões já enunciadas e os clubes bem como a própria Liga pela experiência que estes para aí transportam, melhorando o nível de competitividade.
Não será de estranhar que os clubes locais comecem a ter maior destaque nas competições europeias. Não para grandes voos, mas pelo menos para deixarem de ser bombos da festa.
Lá diz o povo que no aproveitar é que está o ganho!
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