segunda-feira, 19 de junho de 2017

Acusa hoje quem nada fez ontem e, acusará amanhã...

Na política, tal como no futebol ou na religião, os mais fanáticos não perdem oportunidade de atacar os adversários. Para falar no caso concreto dos fogos, é curioso ver como as acusações mudam de cor consoante o governo. Se há fogos com a direita no poder, acusa a esquerda! Se há fogos com a esquerda no poder, acusa a direita! Pelo meio, tudo fica por fazer! E fica por fazer por todos, à esquerda e à direita!!! O fogo é um negócio gigantesco. Fala-se sempre nos madeireiros mas esses são apenas alguns. Empresas de aluguer de aviões e helicópteros... Todos quantos fornecem material para os bombeiros... Muitos são os interesses que circundam este flagelo e a falta de escrúpulos faz com que até as mortes sejam negligenciadas e, apesar de num ano morrerem pessoas por causa dos incêndios, no ano seguinte continua tudo na mesma. Tudo isto deixa transparecer a existência de grandes lobbies que dominam até quem nos governa e que impede que medidas sejam tomadas para que, a médio prazo se diminuam as consequências do mau ordenamento da floresta. Este ano e no fogo de Pedrógão Grande parece terem havido circunstâncias especiais que propagaram o fogo de tal forma rápida que não seria possível minorar o problema. Há quem fale de ventos que arrastavam pessoas naquele momento preciso, quem diga que o fogo andou mais depressa que o carro e que quando chegou já estava tudo ardido. Este foi. sem dúvida, um caso de excepção que configura a maior tragédia ocorrida em Portugal pelos fogos. Esperemos que este exemplo seja mais que suficiente para despertar consciências (se é que ainda é necessário), para trazer à razão quem ainda hesita em tomar a responsabilidade de fazer reformas urgentes nesta área. Há que acabar com a mata desordenada! Há que acabar com matas plantadas por pessoas que se ausentam, logo de seguida, da região ou do país e que só aparecem para se lamentar que o fogo lhes queimou tudo o que eles não zelaram. Há que acabar com a venda ilegal de madeiras ardidas. Há que acabar com as comissões pagas pelas empresas de meios aéreos. Como diz um amigo, quantos aviões de apagar incêndios se teriam comprado com o custo de dois submarinos? Há que acabar com os senhores bombeiros que têm empresas de vendas de fardamentos e de materiais. Enfim, há que tomar medidas sérias, honestas e que, sendo certo que nunca acabarão com o flagelo dos incêndios, minorem os danos que todos os anos nos assolam. Acusa hoje quem nada fez ontem e, acusará amanhã quem nada está a fazer hoje!!!...