segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Segunda B

Quem acompanha o campeonato da segunda divisão na série C em que está a União de Rio Maior, tem oportunidade de ver os locais onde são efectuadas as deslocações. Algumas equipas com tradição e nome, mas que por razões diversas têm vindo a baixar, como é o caso do Covilhã e outras de pequenas localidades, sem historial mas que sobressaem como são os casos de Sátão, Penalva e Touriz.
Penalva, por exemplo, é uma vila do interior, uns 40km para lá de Viseu, bem bonita por sinal, mas ao que deixa parecer, à semelhança de muitas terras beirãs e do interior em geral, não tem um índice populacional muito elevado. Ainda assim as suas gentes são arreigadas àquilo que é deles e colaboram. Quando de associativismo se fala, dão lições ao litoral. Fecham-se em torno das suas colectividades e ajudam com o que podem. Trabalham e acompanham.
Enquanto por cá as bancadas estão vazias e para se conseguir uma direcção é só à força, por estas terras as coisas acontecem com outra naturalidade.
Touriz, uma pequena localidade que ainda há 3 ou 4 anos não tinha grande expressão, já serviu de modelo desportivo com as condições que conseguiu criar para a sua equipa de futebol, que levou o Porto a colocar aí alguns dos seus jogadores para rodar e a SporTv efectuou uma reportagem por se tratar de um caso pouco visto de um pequeno clube com crescimento desportivo por via do seu crescimento estrutural.
Não há grandes estudos, que se conheçam, sobre estes fenómenos, certo é que os clubes do litoral estão em muito maiores dificuldade.
Se pensarmos, o maior desenvolvimento a outros níveis, acontece também por aqui. As novas vias de comunicação tornam tudo mais perto. Há maior proximidade de Lisboa, muitas atracções que levam muita gente a preferir um passeio ao domingo em vez de ir ao futebol.
Há uma dúzia de anos, com a maior dificuldade que havia nos acessos, as pessoas deslocavam-se menos e por isso aproveitavam para ver a sua equipa.
Não há nesta análise qualquer depreciação em relação ao interior, o que há, isso sim, é a constatação de que ainda é difícil sair de certas zonas do país e por isso as pessoas têm que encontrar alguma coisa que possam fazer para passar os seus tempos livres e os que gostam de futebol lá estão no campo.
Tudo isto é um círculo que se fecha, pois com pessoas no campo há entradas de dinheiro e apoio, há também por isso mais condições de fazer obra e essas pequenas colectividades têm património, que é aquilo que por cá não há.
Também por cá, os jogadores têm pequenas compensações financeiras e são amadores, tendo que procurar outra actividade para garantir o seu sustento, na maior parte das equipas desta divisão há muitos profissionais, cuja prestação se sente em campo. Maior entrosamento, mais capacidade física e outra mentalidade.
Apenas pretendo com isto deixar uma mensagem aos nossos adeptos. Temos que pensar no que exigimos. Só o podemos fazer na mesma proporção do que damos em troca. E se damos pouco, também não podemos exigir muito. Basta por isso que os nossos tenham brio, honra e respeito pela instituição. Depois, se ganharem, melhor!

1 comentário:

Nuno Gonçalo disse...

Muitos jogos vi eu do Clube Desportivo do Montijo, que andou pela 1º divisão e parte da sua história nas 2º divisões, até cair na 3º e por fim desaparecer por dívidas impensáveis.

Agora nasceu o Olímpíco e espera-se que com rigor, possa chegar novamente pelo menos ao nacional.

Isto é só um exemplo de clubes conhecidos que têm vindo a cair sucessivamente.

Curioso é o facto deste clube mesmo na terceira, tinha das melhores assistências de público, á volta de 1000 pessoas, melhor que o Estoril, Amadora ou Leiria.