Não é fácil ser padre nesta paróquia.
A Liga de Portuguesa de Futebol Profissional está enferma por culpa própria. As regras são demasiado curtas e permissivas para tanto troca-tintas que grassam no futebol nacional.
Desde as simples secretarias onde não se avisam os clubes que inscreveram um jogador pela terceira vez e que este não pode ser utilizado aos departamentos jurídicos que, simplesmente, não funcionam, passando pela desresponsabilização dos agentes de tudo quanto se passa de mau.
São muitas as equipas com atraso no pagamento de vencimento aos seus profissionais sem que a Liga possa fazer o que quer que seja. Uma injustiça, porque quem trabalha merece ganhar e porque deixa as equipas em desigualdade de circunstâncias, pois se uma construiu uma equipa para poder pagar, outros fazem a equipa e depois… logo se vê!
Não teria sido de natural que houvesse uma salvaguarda destas situações antes de se iniciar a época? Não seria natural que as equipas tivessem que apresentar garantias bancárias que evitassem situações deste género? Não seria lógico que houvesse orçamentos aprovados pelos órgãos dessa mesma Liga que não permitisse um sobreendividamento?
Claro que se encontrariam resistências. É óbvio que, aqueles que estão habituados à aldrabice, logo viriam propagar aos sete ventos que a sua equipa estava a ser impedida de entrar em detrimento de outros. Mas não se pode aceitar que no inicio da época se paguem vencimentos loucos, que já se sabe que não vai ser possível manter até final. Não se pode continuar a permitir que aquilo que hoje é verdade amanhã seja mentira. Não é assim noutras actividades porque razão pode ser no futebol?
Sou dos que defendo que os nossos campeonatos têm equipas a mais, contraposto por muitos especialistas que dizem ser poucas e que, por causa disso, as receitas são menores. Alegam que, se em vez de 16 fossem 20, haveria mais competição. Pois eu permito-me pensar que teríamos mais equipas sem capacidade para poder disputar uma Liga tão exigente em termos financeiros. Seriam mais as equipas a contrair dívidas para poderem andar junto com os grandes e assim, a hipotecarem o seu futuro.
É por todas estas dificuldades que continuo a achar que não temos mais do que 12 a 14 equipas com condições objectivas de alta competição. É lamentável que a União de Leiria a 4 jornadas do final da época some 30 mil espectadores em todos os jogos em casa.
Mas para lá dos problemas desportivos há os problemas administrativos que já aflorei. Porque razão se demora tanto tempo a decidir uma queixa com sustentação regulamentar e que foi assumida pelo clube, como foi a inscrição e posterior utilização de Meyong? Independentemente de poder haver um recurso, não haveria já tempo para uma primeira decisão? Anda o clube a jogar para chegar a uma competição europeia e estando sujeita a, já depois do final do campeonato, vir a perder 6 pontos e ficar de fora dessa competição? E se então depois houver recurso? Vamos esperar mais uns meses. E então quem vai representar o país na UEFA? Nem sequer tentamos precaver-nos. Não somos espertos!...
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