terça-feira, 11 de outubro de 2016

Comunicação ou concertação?

Nunca como agora a comunicação dos clubes de futebol foi tão inflamada.
São páginas de Facebook, contas de Twitter, artigos nos jornais, comentadores televisivos, tudo com um grau de agressividade que ultrapassa todos os limites do razoável.

Estamos num fase em que os directores de comunicação dos clubes se tornaram numa peça fundamental e são como que o braço armado dos clubes.

E não há inocentes nesta guerra porque ninguém se fica sem dar resposta, de preferência mais ofensiva que o outro.

Nestas semanas piorou substancialmente, tendo inclusivamente chegado ao ponto do Facebook ter inactivado uma página de comunicação criada pelo Sporting, alegadamente por denúncia de incentivo ao ódio. Nada que admire! Apenas admira que a rede social não desactive muitas outras do mesmo cariz e até bem piores... 

Mas para que se perceba o nível de importância e profissionalismo (disse bem, profissionalismo) a que chegou este combate, esta semana foi divulgada uma fotografia onde se podem ver os principais soldados do braço armado do Benfica, em reunião com os seus oficiais. João Gobern já veio dizer ter-se tratado de uma reunião preparatória de um "trabalho televisivo que se prende com a internacionalização do Benfica e da marca Benfica", mas estou convencido que nem os mais inocentes acreditarão que o assunto foi este, como também não foi para falar do tempo ou da eleição de Guterres para a ONU...


Quem está ou esteve no mundo da comunicação não há-de estranhar este tipo de reuniões, afinal é importante que se fale de forma sincronizada, que se dominem os assuntos e que se abordem, de forma concertada, os assuntos de maior importância. 

De estranhar, apenas, que João Gobern, aqui apanhado mesmo de frente e à direita do Director de Comunicação, ter assumido no último programa que tem total independência do Benfica porque nunca ganhou um cêntimo no clube, do qual nem sequer é sócio. Somos levados a acreditar que até terá pago a garrafa de água que se vê na foto para manter a sua independência. É esta hipocrisia que estas pessoas, que passam uma mensagem de forma organizada, não devem ter. As pessoas que os ouvem não são (todas) parvas!!! Depois vir dizer que ali estiveram e só se riram por causa da Supertaça de Futsal é mesmo chamar estúpido a quem a ainda perde um pouco do seu a tempo a vê-los e ouvi-los.

E para que se perceba a importância que o clube da Luz atribui a esta área, todos os comentadores, à excepção do já referido João Gobern (e agora até já duvidamos), têm uma relação profissional com com o clube que defendem. Rui Gomes da Silva é vice-Presidente, Pedro Guerra é director da Benfica TV e André Ventura é quem se vai encarregando da recandidatura de Luís Filipe Vieira a mais umas eleições sem oposição.

Os outros clubes, não parecem ter o mesmo nível de organização nem profissionalismo, estando a perder claramente esta batalha dos comentadores televisivos que, todos sabemos, serem hoje de importância fulcral no formar de opinião de alguns adeptos. Há mesmo quem se apresente mal preparado e com muitas dificuldades de reacção, até a críticas pessoais... 

Depois há erros demasiados básicos que já foram cometidos, tendo o primeiro sido o Presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, ter aceite debater assuntos do seu clube e do futebol em geral, com um comentador, assalariado do Benfica. Pedro Guerra conseguiu de tal forma os seus intentos de irritar o presidente do Sporting que agora, André Ventura lançou um desafio idêntico. 

No Sporting, Dias Ferreira e Eduardo Barroso não resistiram a estas batalhas e renderam-se, abandonando os respectivos programas, cabendo agora a José Pina o confronto titânico com Pedro Guerra, sendo que, muitas vezes por se querer igualar, ambos entram numa espiral de acusações de tal forma baixas que ninguém sai vencedor dos confrontos. Manuel Serrão vai assistindo, entrando a espaços mas, parecendo um menino de coro, aquele que chegou a ser considerado um dos mais beligerantes comentadores televisivos.

Rui Gomes da Silva (RGS), do alto da sua vice-Presidência, tem informação privilegiada que usa a seu bel-prazer, não deixando de provocar de forma vil e baixa tudo o que mexe, ora do lado do Porto, ora do lado do Sporting. Rogério Alves e Guilherme Aguiar, com uma postura claramente diferente acabam por se ver abafados, face ao pouco interesse jornalístico dos seus comentários. Isto fica claro quando o jornal A Bola dedica várias páginas a RGS onde teve espaço para continuar a provocar e acicatar ânimos.

Por fim, temos agora a CMTV a querer ganhar espaço nesta área de comentadores de combate e, eis que surge André Ventura, qual super-homem a lançar suspeitas e acusações a torto e a direito, colocando agora a cereja no topo do bolo com um desafio (à maneira do boxe americano) a Bruno de Carvalho para um debate a dois.
Compreende-se a intenção pois o confronto entre um comentador e um Presidente trás sempre vantagem para o primeiro pois o segundo não pode, ou não deve entrar nos assuntos da mesma forma, muitas vezes leviana, como estes vêm fazendo.
Prova disto é a mais recente apresentação de uma pseudo-prova de distúrbios numa Assembleia Geral deste mês de Outubro, quando os sons apresentados já estão identificados como sendo de uma outra AG de há largos meses.
André Ventura não é só um comentador. É também professor, tem aspirações políticas, até bem expressas de poder vir a ser Presidente da Câmara de Sintra. Pois não deve ser com mentiras deste calibre que vai cativar os eleitores... e também, por respeito aos seus aluno, deve medir melhor as suas palavras, ideias e opiniões.
O  Sporting tem optado por fazer passar muita da sua comunicação pelos comunicados que emite através da sua página oficial do Facebook e pela recém criada e já removida, designada Comunicação Sporting. Apesar de se tratar de uma comunicação institucional, nem sempre a linguagem ou a forma de tratamento dos adversário foi a mais correcta, no entanto, não terá sido mais ofensiva que muitas já existentes e que defendem outros clubes.

Nestas coisas das redes sociais, muito há para explorar mas também nem sempre a utilização é a mais correcta e urge alguma regulação para evitar o grave confronto de palavras que vai acontecendo, de forma a evitar problemas mais complicados no futuro.


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