segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Xadrez do futebol

Há muitos anos que o futebol português é falado pelos, cada vez menos, adeptos, pelas piores razões. Sempre foi tema de conversa que havia favores a clubes por parte de árbitros e de dirigentes de altas instâncias.
Por muito pouco que ainda tenha acontecido no célebre Apito Dourado, já deu para perceber que algo está a acontecer. Digo a acontecer porque, na verdade, não me parece que esteja a mudar.
O afastamento de dirigentes directamente relacionados com as investigações judiciárias tem provocado algum descontrole em clubes que vinham claramente sendo favorecidos. Que se diga isto de forma aberta e sem preconceitos, pois é aquilo que o povo fala na rua diariamente. E é uma verdade inequívoca. O povo nunca se engana.
Vejamos um exemplo flagrante. O Boavista, que nos tempos áureos chegou a campeão, logo que a estrutura abanou não se conseguiu manter estável.
João Loureiro, com uma gestão altamente criticável e duvidosa abandonou o clube de forma pouco clara. Diz-se que tentou deixar no seu lugar alguém que não levantaria muitas suspeitas e abafaria algumas ilegalidades, mas consta-se também que Joaquim Teixeira, ao sentir-se traído, por encontrar o clube numa situação muito para além do que lhe havia sido contado, não terá gostado e que agora, daqui em diante, se prepara para meter ordem e lei na casa, custe a quem custar. E era muito importante que os dirigentes fossem responsabilizados directa e pessoalmente. Não por resultados desportivos, pois aí não deveriam ter responsabilidade, mas por má gestão administrativa, sobretudo se esta for danosa para a instituição e muitas vezes a coberto de muitos compadrios e situações menos lícitas.
Na direcção do actual presidente ficaram três homens conotados com o clã Loureiro de há largos anos que, agora, instados a responder sobre situações passadas em direcções anteriores, das quais fizeram parte, responderam da maneira mais cobarde, pedindo a demissão. Talvez para não terem que assumir ou terem que desmascarar alguém por decisões menos correctas.
Mas como neste país, parece que quem fala mais alto ainda é quem tem mais razão, talvez o filho venha fazer como o pai e se ponha aos gritos nas televisões, clamando por uma inocência na qual ninguém acredita, tantas são as histórias menos claras que se conhecem, sempre com os mesmos intervenientes.
Neste últimos anos uma das melhores situações que podiam ter acontecido a esta família foi todo o enfoque que foi dado a Pinto da Costa. Parecia ser este o único inimigo dos adeptos portugueses de futebol. Enquanto todos se preocupavam com o Papa, o Major e seus discípulos iam fazendo as tramóias necessárias para subir a qualquer preço.
Já poucos se lembrarão de quando o Vitória de Setúbal foi campeão nacional de juniores e depois na secretaria perdeu, precisamente para o Boavista.
Poucos se lembrarão da forma como o Guimarães passou dois anos na corda bamba tendo acabando por descer de divisão. Com quem eram as principais rivalidades? Com o Boavista. No ano em que foi campeão, foram ficando dúvidas em muitos jogos, mas como não se imaginava que conseguissem chegar ao final vitoriosos, foi-se desvalorizando. Não se deveria tê-lo feito.
Em suma, Joaquim Teixeira tem um trabalho muito árduo para conseguir trazer de volta a dignidade ao clube do xadrez. Consta-se que por cada problema que resolve aparecem mais dois. Não há quem resista.
Espera-se que tenha estofo e que o Boavista volte ao lugar que merece, de clube respeitado, a disputar lugares por direito próprio e não com subterfúgios e falsidades.

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